Como kant propõe resolver o impasse entre Racionalismo e Empirismo

Racionalismo e Empirismo, duas palavras polarizadas e quase impossível de ser unidas. No entanto, a habilidade deste fenômeno da Filosofia, chamado Kant, conseguiu resolver este impasse e mostrou ser possível equilibrar estas duas correntes de pensamento.

Pensadores Influentes

Assim como Platão e Aristóteles atuaram na controvérsia entre Parmênides e Heráclito, na Filosofia do Ser e do Devir. Kant foi o divisor de águas entre Racionalismo e Empirismo. Eis aí a relevância deste brilhante Filósofo que revolucionou a maneira de pensar no Ocidente.

Racionalismo e Empirismo

Immanuel Kant

Um dos grandes filósofos que desenvolveu e aperfeiçoou a epistemologia, com outros conceitos filosóficos, foi Immanuel Kant. Através de estudo cuidadoso, reflexão e preocupação, desenvolveu uma filosofia própria, uma filosofia transcendental, que estendeu o mundo do racionalismo e do empirismo.

A observação cuidadosa de Kant dos notáveis filósofos antigos Descartes e Hume tornou possível uma filosofia muito moderna que fundamenta muitos pensamentos e olha para o pensamento hoje em dia. Uma consideração dos dois filósofos aqui mencionados apenas mostrará a sua importância em contribuir para os fundamentos do Kant e, por extensão, para os fundamentos da síntese do Racionalismo e Empirismo.

Descartes

Consideremos primeiro Descartes. Descartes é um racionalista. Ele acredita que alguns conhecimentos podem ser obtidos fora dos sentidos. Por exemplo, a frase “Penso, logo existo” é um aspecto importante deste conceito.

É o conhecimento que só pode ser desenvolvido em pensamento. Mais importante ainda, é dada grande importância ao conhecimento de Deus. Por outras palavras, o conceito de Deus, o próprio Deus, está fora do domínio dos sentidos e, só existe através do pensamento.

Descartes mostrou através da meditação que podemos elaborar julgamentos sobre o mundo à nossa volta se usarmos a nossa mente e os nossos pensamentos. Ele acredita que existem apenas duas substâncias na metafísica: a primeira é pensamento e a segunda é matéria.

Ele acredita, ao contrário da filosofia antiga, que existe matéria sem forma. Também acredita que algumas ideias, especialmente as que dizem respeito à razão e a Deus, são inatas e independentes dos sentidos. Isto contradiz muitos outros filósofos e as suas crenças.

Critica a Descartes

O problema com Descartes é que muito do seu trabalho se baseia na maioria na existência de Deus. Por outras palavras, ele precisa da ajuda de Deus para provar alguns conceitos inatos para além do mundo sensato. Este exemplo é muito fácil de usar e requer muito pouco apoio.

Isto porque não se pode verdadeiramente negar ou provar a existência de Deus, pode-se simplesmente dizer que Deus existe porque se acredita na sua existência e distorcer isto como um pensamento inato.

Se se acredita em Deus, não se pode negar essa crença. Descartes usa esta crença para apoiar a ideia de ideias inatas. É fácil dizer que Deus existe e tomar isto como prova do conceito filosófico de ideias inatas. Isto porque não é necessária qualquer outra prova.

A própria noção de Deus pode ser comparada à teoria da Ilha Perfeita de Gaunilo. Esta teoria afirma não haver necessidade de procurar provas empíricas para a existência de Deus, portanto, apoia plenamente a concepção de concepção inata.

Racionalismo e Empirismo

A teoria da ilha perfeita afirma: “Se alguém imagina mentalmente a ilha mais perfeita, ela deve existir, e não podem existir mais ilhas”. Como a definição de Deus é a mais perfeita, e não há nada mais perfeito do que Deus, é apropriado afirmar a existência de Deus. Embora esta teoria seja sem dúvida imperfeita, ela demonstra o simples poder da fé na filosofia de Descartes.

David Hume — Empirismo Cético

Por outro lado, há o David Hume. Hume é um empirista. Uma vez que os seus opostos servem como um sólido apoio para Descartes, é importante notar que Hume é um homem que não acredita em Deus.

É por isso evidente que lidamos com uma explicação mais razoável do mundo e da filosofia. Pensamentos simples podem ser descartados porque pensamentos maiores não me vêm à mente ou só me vêm à mente. Ele também acredita no “princípio da cópia”.

Por outras palavras, as ideias são adquiridas. Hume argumenta que existem duas formas básicas de organizar as crenças. Uma é a relação de ideias, que requer uma relação lógica entre crenças, e a outra é a relação de factos, a relação entre crenças e o próprio mundo.

Além disso, nega que estes fatos possam ser conhecidos a priori, reforçando as ideias de empirismo. Hume observou que muitas pessoas têm uma filosofia baseada no ceticismo. Isto pode ser compreendido pela sua crença de que todo o conhecimento provém dos sentidos.  Por conseguinte, só podemos confiar nesta percepção, portanto, no conhecimento derivado dela.

Kant — Equilíbrio entre Racionalismo e Empirismo

A compreensão da base dos dois filósofos anteriores ajuda-nos a compreender melhor a filosofia de Kant. Kant desenvolveu uma filosofia que levou o melhor dos dois mundos — Racionalismo e Empirismo — e visava eliminar o desequilíbrio entre os dois mundos.

A Priore — Racionalismo e Empirismo

Em primeiro lugar, constatemos os fundamentos destes dois mundos e comparemos a priori, ou seja, conhecimento antes da experiência, e depois, ou seja, conhecimento depois da experiência. Ele acredita que ambos existem.

Por um lado, a priori, conceitos básicos tais como lógica e matemática não são inventados pela mente humana, mas são reconhecidos e extraídos da natureza. O oposto é a posteriori, o que, segundo Kant, se refere ao que é feito através do mundo natural, como a ciência, as ciências sensoriais e analíticas.

Podemos então dividir os dois conceitos ao meio e utilizar os conceitos desenvolvidos por Hume. Podem ser vistos como analíticos, correspondentes às relações conceptuais de Hume, ou sintéticos, correspondentes às relações factuais de Hume.

A Posteriori — Racionalismo e Empirismo

Se separarmos a priori, vemos que Kant considera a lógica como conceitos analíticos e básicos como a matemática como sintética. No entanto, um exame mais atento do a posteriori mostra que a ciência é apenas sintética e que não existe tal coisa como o conhecimento analítico a posteriori.

Assim, de Descartes vemos que Kant aborda o significado lógico do pensamento, por exemplo, “Penso logo existo” para apoiar apenas a verdade da razão, e de Hume, Kant aborda a relação entre ideias e representações, bem como entre o mundo e as representações.

Kant também aborda frequentemente noções de consciência tais como Deus, liberdade e imortalidade. Ele está do lado do racionalismo, com Descartes no seu centro. Mostra que existe uma discrepância entre o aparecimento do mundo conforme a experiência possível e a realidade.

Kant coloca estes conceitos na realidade, mas divide ainda mais a realidade no que podemos saber e no que podemos pensar. Estes conceitos pertencem a esta última categoria. Portanto, a sua filosofia enfatiza a lógica e a razão, não só o que pode ser sentido, mas também o que pode ser imaginado pelo pensamento racional.

Kant e Hume

No entanto, Kant, que apoia Hume, atribui grande importância ao desenvolvimento de conceitos. O que importa não é o que sabemos, mas como o sabemos. Isto está para além da compreensão de Hume. Está para além do conceito de julgamento, e Kant nega o realismo de fazer coisas que vão contra a razão.

Tais coisas pertencem a priori, pelo que têm pelo menos uma origem quase concebível para a mente humana. O que Kant tentava posicionar ali é o desenvolvimento do mundo sensual pela filosofia transcendental. Isto não se baseia numa mudança no conhecimento, mas numa extensão do mesmo e numa nova confirmação dos fundamentos da fé.

É importante notar a contradição na afirmação “tudo o que acontece tem uma causa”, pois isso indica que o desenvolvimento de conceitos se baseia na evolução e não na originação. Esta afirmação mostra que o conceito de causa significa algo diferente de “aquilo que acontece”, daí esta contradição. Assim, Kant concentra-se no desenvolvimento de ideias em filosofia.

Isto permite-nos ver a influência que Kant teve na filosofia. Ele combinou o pensamento empírico e racionalista, e vice-versa. A isto chama-se por vezes a “volta de Copérnico”. Ele enfatiza a realidade das coisas e não a medida onde os nossos sentidos podem alargar os nossos conhecimentos.

Ele assinala também que nem tudo o que existe pode ser conhecido e reconhecido pelo homem, porque a mente humana, tal como outros vasos, tem limites à sua capacidade. Isto é importante porque mostra as imperfeições da epistemologia e da filosofia, mas não as aponta necessariamente como fraquezas ou limitações, mas como verdades aceitáveis que podem ser ultrapassadas encontrando um equilíbrio entre os mundos epistemológicos do Racionalismo e Empirismo.

Abandonou partes de Hume, embora se encontre bastante do lado de Descartes.

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Teologia da Libertação

ADILSON CARDOSO

Adilson Cardoso: Teólogo, Filósofo — Professor de Filosofia, Teologia, Hebraico e Grego.

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