CEIA DO SENHOR – ERROS E ACERTOS

Ceia do Senhor, ordenança de Jesus e rito seguido por todas as vertentes do cristianismo. Embora, a cerimônia da ceia seja realizada em todas as Igrejas, no entanto, muitas o fazem sem nenhuma reflexão.

As dúvidas são diversas, a confusão é posta. O que é a ceia? Como e quando deve ser celebrada? Quem pode participar? Crianças? Batizados? Os elementos da ceia transformam no corpo e sangue de Cristo?

Este Artigo propõe buscar respostas para estas indagações. Se você é cristão, faz parte de uma igreja, participa da ceia, então, leia este estudo e fique bem informado sobre esta ordenança de Jesus.

ceia do senhor

CEIA DO SENHOR — DEFINIÇÃO BÍBLICA

Sempre que, aparece alguma citação sobre este rito na Bíblia é chamado Ceia do Senhor. Mesmo de posse de tal nomenclatura, a maioria dos irmãos a chamam “santa ceia”.

Isto é um erro herdado da igreja católica romana que precisa ser corrigido. Tal erro desvia o foco do cerimonial para os elementos, quem é Santo é o Senhor da Ceia “Jesus Cristo” e não a própria ceia.

De posse destas informações, o participante reverencia não o rito, mas, o Senhor que ordenou, está presente, é Santo e tem lugar de destaque neste culto.

Outra herança da igreja romana que já foi abandonada na confecção das Bíblias, mas, não da fala de muitos crentes; é o habito de falar “são João, são Pedro, são Mateus, etc.” Dê uma olhada na sua Bíblia e verá “Evangelho de João, Mateus, etc.”

QUANDO DEVE SER CELEBRADA

A Bíblia não estipula tempo, algumas igrejas celebram uma vez por ano, outras semanalmente e a maioria uma vez por mês. Quem está certo? Não se trata de certo ou errado e sim de eficiência nos resultados.

Jesus foi muito claro ao dizer: “fazei isto em memória de mim”, ou seja, tragam a lembrança, lembrem-se. Ele sabia que a nossa memória é curta e rapidamente cairia no esquecimento esta importante ordenança.

Então, celebrar a Ceia do Senhor uma vez ao ano é um tempo muito longo. Tempo suficiente para esquecer e esfriar-se na fé.

Ao celebrar a ceia semanalmente, corre-se o risco de banalizar e resultar num formalismo sem nenhuma reflexão.

COMO DEVE SER CELEBRADA A CEIA DO SENHOR

Algumas igrejas entendem que o pão se transforma no corpo de Cristo e o suco no sangue. Sendo assim, quando o fiel come o pão, come a própria carne e ao beber o suco, bebe o sangue. Isto é problemático e antibíblico, por isso, nossa atenção recai sobre este dilema.

ORIGEM DESTA CRENÇA

Advém de um erro grosseiro de interpretação da Bíblia usando somente o método literal. É certo que este é um dos métodos, todavia, a Bíblia é rica em figuras de linguagem.

De posse de versículos isolados interpretados literalmente, criaram heresias “… isto é o meu corpo que é partido por vós…” 1 Coríntios 11:24. “Na verdade, na verdade, vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos.” João 6:53

Qualquer leitor atento logo perceberá que estes versículos são interpretados como figuras de linguagem, exemplos, Jesus disse em outras ocasiões: “Eu sou a porta”, “Eu sou o pão”, “Eu sou a água”, “Eu sou a videira”, etc.

Eis a pergunta, Jesus é uma porta literal de madeira? É um pão que se compra na padaria? Claro que não, trata-se de figuras de linguagem para que o leitor não apenas leia, mas, enxergue o que é dito.

A origem desta crença é muito antiga, começou com o filósofo Aristóteles e absorvido pela igreja católica romana. Trataremos disto mais adiante.

PROBLEMAS ORIUNDOS DESTA CRENÇA

Primeiro, se realmente acontece a transformação, então, o que fazer com a sobra da Ceia? Algumas igrejas jogam no lixo, outras enterram no monte. Seja lá qual for o destino, o problema está instalado.

Se ocorre a transformação, então, jogar Jesus no lixo ou enterrar no monte é um paradoxo impensável.

Segundo, para acontecer a transformação teria que ter dois Jesus naquela mesa da ceia. Um que fala e outro que é partido. Este também é um absurdo.

Terceiro, ao comer o pão e beber o vinho, o fiel come a carne e bebe o sangue. Para comer tem que mastigar e triturar nos dentes, engolir, fazer digestão, dispensar no vaso sanitário, dar descargas e terminar em um esgoto qualquer. Ah! Caro amigo leitor! Você já pensou nisto?

Quarto, durante a celebração da ceia pode acontecer de alguém deixar cair algum dos elementos. O que fazer? Para resolver isto, a igreja romana não deixa os fiéis pegarem na hóstia, os padres colocam na boca deles. Quanto ao vinho, somente os padres bebem, assim, evitam problemas que eles não sabem resolver, caso aconteça.

Na realidade, o cálice foi afastado dos leigos, tomado apenas pelo clero. A razão principal era o perigo do sangue ser derramado. Pois, caso o sangue de Jesus fosse pesado, isso seria um sacrilégio.

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CONCEPÇÕES DA CEIA DO SENHOR

São quatro, é importante conhecê-las para entender de onde vem a crença e a forma praticada na sua igreja. Com certeza, a maneira que você celebra ou participa da ceia, advém de uma destas concepções.

TRANSUBSTANCIAÇÃO

Igreja Católica Romana Tradicional — Esta concepção é formada pela fusão de duas palavras (Trans – transformação + Substância), isto é, transformação da substância.

Esta ideia originou-se na Filosofia de Aristóteles “Ato e Potência”, ou seja, o pão e o vinho estão em ato, mas, tem em si a potência da passagem para o corpo e o sangue de Cristo. Filosofia acolhida e desenvolvida por Tomás de Aquino e mais tarde redigida no Concílio de Trento (1545 – 1563).

Quando o sacerdote oficiante consagra os elementos, ocorre uma verdadeira mudança metafísica. As substâncias do pão e do vinho, transformam se na carne e sangue de Cristo. Todos que participam da santa eucaristia, ingerem literalmente o corpo físico e o sangue de Cristo.

CONSUBSTANCIAÇÃO

Concepção Luterana — Formada pela fusão das palavras (com + substancia), isto é, com a substância. Em outras palavras, o pão e o vinho não transformam, mas, Cristo está junto dos elementos. Sendo assim, quem ingere o pão e o vinho, ingere Cristo também. Haja vista, ele estar junto. Veja que não mudou quase nada, continua no erro da primeira.

Lutero manteve a concepção católica de que o corpo e o sangue de Cristo estão fisicamente presentes nos elementos. Lutero negou a transubstanciação.

CONCEPÇÃO MISTICO ESPIRITUAL

Concepção Reformada — João Calvino

Segundo Calvino, Cristo está presente na Ceia do Senhor, mas não de forma física e corpórea. Sua presença no sacramento é espiritual e dinâmica. Os participantes são espiritualmente nutridos quando o Espírito Santo lhes dá uma relação mais estreita com a pessoa de Cristo. Ao tomar os elementos, o participante de fato recebe de novo, e de modo contínuo, a vitalidade de Cristo.

CONCEPÇÃO ZWINGLIANA — MEMORIAL Zwinglio

A Ceia do Senhor é apenas um memorial da morte de Cristo. O valor do sacramento está apenas em receber pela fé os benefícios de sua morte.

QUEM DEVE PARTICIPAR

A Bíblia não esclarece sobre quem deve ou não participar, inclusive, não diz que apenas os batizados podem participar. Por isso, algumas igrejas servem a ceia para crianças e qualquer pessoa que estiver no culto. Outras entendem que somente os batizados devem participar.

Embora, a Bíblia não tenha nenhum livro, capítulo ou versículo que diz que somente os batizados podem participar da Ceia do Senhor, no entanto, nossa atenção deve fixar-se na palavra “batizados”.

Primeiro precisamos entender o que é o batismo. Toda pessoa que se converte a fé cristã, em algum momento terá que confirmar esta fé. E para confirmar, ela é batizada.

Então, o batismo é a declaração pública sobre a certeza que a fé do converso é real. Ou seja, a fé não é vacilante e a pessoa tem certeza de que é isso que ela quer.

Quando a pessoa recusa ser batizada por não ter certeza de que é isso que ela realmente quer, ou por qualquer outro motivo que seja mais importante do que o batismo. Sendo assim, se a pessoa não valoriza ou não dê importância para o batismo, então, não tem porque participar da Ceia. Eis aí a razão do porquê a Ceia do Senhor deve ser ministrada apenas para os batizados.

Para complementar seus estudos, confira o Artigo Batismo cristão

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A ideia de que os elementos da ceia se transformam na carne e no sangue de Cristo é uma heresia herdada da igreja católica romana, deve ser evitada.

O culto de ceia é um memorial para lembrar da morte de Cristo, pois, caso não houvesse este rito, logo cairia no esquecimento.

Fazer a nomenclatura “santa ceia” é continuar com o mesmo erro da igreja romana. A ceia não é santa, Santo é o Senhor da ceia (Jesus).

Servir a Ceia para as crianças e não batizados não é correto.

As 7 igrejas do Apocalipse

Youtube

ADILSON CARDOSO

Adilson Cardoso: Teólogo, Filósofo — Professor de Filosofia, Teologia, Hebraico e Grego.

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