TETRAGRAMA – NOME SAGRADO DE DEUS

Tetragrama é a composição de quatro letras hebraicas יהוה (YHWH). Elas formam o Nome próprio do Eterno e aparece cerca de 7 mil vezes no Tanach (Bíblia Hebraica).

História do Tetragrama

O Tetragrama aparece pela primeira vez na Bíblia Hebraica, também conhecida como Tanakh, na história de Moisés e a sarça ardente no livro do Êxodo. Nesta passagem, Deus se revela a Moisés com o nome “Eu sou o que sou”, em hebraico, “Ehyeh Asher Ehyeh”.

Posteriormente, o nome sagrado é mencionado diversas vezes na Bíblia, especialmente nos livros do Antigo Testamento. O Tetragrama era tão sagrado que os judeus evitavam pronunciá-lo em voz alta, substituindo-o por Adonai, que significa Senhor.

Com o tempo, o Tetragrama foi sendo utilizado em diversos rituais religiosos judaicos, como a oração do Shemá e a bênção sacerdotal.

A Pronúncia do Tetragrama

A pronúncia correta do Tetragrama ainda é motivo de debate entre estudiosos. Acredita-se que a pronúncia original tenha sido perdida ao longo do tempo, devido à proibição de pronunciar o nome sagrado em voz alta.

Atualmente, existem diversas pronúncias possíveis do Tetragrama, como Yaweh, Jeovah e Yahovah. Cada pronúncia possui uma origem e uma interpretação diferente, o que torna o debate sobre a pronúncia correta ainda mais complexo.

O uso contínuo do Nome no Antigo Testamento indica a intensão do Criador em revelar-se para as suas criaturas. Todavia, a pronúncia exata do Nome não se conhece. Mesmo assim, surgiram várias correntes religiosas reivindicando ter a suposta pronúncia.

São tantas, que criou uma controvérsia confusa e excludente, ou seja, uma exclui a outra. Se uma está certa, a outra tem que estar errada. O princípio supremo da lógica é a lei da não contradição, isto é, uma coisa não pode ser e não ser em simultâneo, principio e relação.

Tetragrama

Eis a questão, quem está certo? Este é mais um Artigo sobre este tema, entre tantos outros. No entanto, não apresentaremos um veredito dogmático, nem sermos portadores da verdade.

Pretendemos apenas examinar e registrar pontos de vista coletados dos judeus, afinal, eles são os nativos. Entende-se que não há ninguém melhor do que eles para nos orientar, haja vista, ser eles a fonte primária para as demais religiões, inclusive, o cristianismo.

Também, lançaremos as lentes sobre os principais registros linguísticos (dicionários, gramáticas, etc.), para coletar e ajudar formar um entendimento apropriado, racional e aceitável. Embora, sabemos que muitos dos leitores deste Artigo já tenham sua opinião formada.

Mesmo assim, acompanhe as informações, comente, sua opinião é muito importante na construção do conhecimento.

TETRAGRAMA NA ÓTICA DOS JUDEUS

Não posso negar, sou admirador deste povo e estudioso da cultura e da língua hebraica. Sempre acompanho os noticiários, leio em revistas e livros, assisto celebrações religiosas, participo de grupos nas mídias sociais, tenho bons amigos judeus.

O motivo da admiração repousa na observação do seu modo de vida, sua relação com o Tanach, o temor e respeito que eles têm para com o Nome do Eterno (Tetragrama). Tamanha é a reverência, também, o medo de profanar o nome de Deus Êxodo 20:7, por isso, eles não pronunciam o Tetragrama.

Cativeiro da babilônico

Desde o Cativeiro da Babilônia, ou Exílio na Babilônia, ocorrido no século VI a.C., a pronúncia do Tetragrama desapareceu. Por não saber a pronúncia, tanto os judeus da época, como os seus descendentes, incluindo os massoretas, não pronunciaram mais o Nome Sagrado de Deus. Sempre que o Tetragrama aparece, é imediatamente substituído por Adonai (meu Senhor).

Observação importante, Adonai só é usado nas celebrações religiosas. Na fala cotidiana, no lugar do Tetragrama, eles substituem por “O Eterno” ou הַשֵׁם “Hashem” (O Nome, em Hebraico).

TETRAGRAMA NOS CÍRCULOS ACADÊMICOS

NO DICIONÁRIO

Um dos Dicionários de Hebraico mais vendido, mais usado e respeitado registrou:

A forma abreviada independente do nome divino, Yah, ocorre principalmente em poesia e na exclamação Aleluia, hallelu-yah, “exaltai a Iavé”. Serve também de elemento de nomes como Elias: elîyiâ ou (elîyahû), “Deus (é) Iavé”. No período pós-exílico, a reverência pelo inefável nome “Iavé” fez com fosse suplantado na leitura na sinagoga (mas não na grafia) pelo nome “Adonay”, “meu senhor” ou Senhor. A seguir, quando os estudiosos judeus começaram a inserir vogais para acompanhar o texto consonantal do AT, adicionaram a YHWH os sinais massoréticos para a palavra Adonay; a grafia final passou a ser um intolerável YahoWah, popularizada pela ASV como “Jeová”.

Dicionário Internacional de Teologia do AT, R. Laird Harris. Gleason L. Archer,. Bruce K. Waltke, página 347, Vida Nova.

NA GRAMÁTICA Page H. Kelley

A gramática de Kelley fez a seguinte explanação sobre o Tetragrama:

O tetragrama יהוה é o nome de aliança do Deus de Israel. Já num período inicial da história do povo judeu veio a ser considerado sagrado demais para ser pronunciado. Leitores piedosos evitavam pronunciá-lo, substituindo-o pela palavra אֲדֹנֶי adonay, que significa “meu Senhor”. Quando os massoretas começaram a inserir a pontuação vocálica no texto consonantal dos livros da Bíblia, aplicaram a pontuação de אֲדֹנֶי às consoantes de יהוה. Modificando o sheva composto para um sheva simples sob a não gutural י, a forma que resultou foi יְהֹוָה (ou simplesmente יְהוָה), que era sempre pronunciada adonay. 

Hebraico Bíblico, uma gramática introdutória, Page H. Kelley, páginas 57 e 58, Sinodal.

TETRAGRAMA NA GRAMÁTICA ALLEN P. ROSS

Esta é mais uma fonte de pesquisas de muita importância na vida do estudante. Observe o registro do autor:

A partir do cativeiro babilônico (talvez antes), os judeus têm considerado esse nome sagrado demais para ser pronunciado. Por consequência, depois do exílio, o nome propriamente dito não era lido em voz alta, a não ser em algumas formas abreviadas. Em vez disso, os leitores pronunciavam a palavra adonay (Senhor). Quando os pontos vocálicos foram acrescentados ao texto hebraico, as vogais da palavra אֲדֹנֶי foram escritas sob as quatro letras יהוה a fim de lembrar como a leitura devia ser feita. Isto resultou na forma יְהֹוָה — geralmente escrita sem holem e com shewa simples em vez do shewa composto sobre a letra forte י, o que resultou em יְהֹוָה. A falta de compreensão dessa forma hibrida levou as traduções antigas a usar “Jeová”.

ALLEM P. ROSS, Gramática do Hebraico Bíblico, página 64, Vida.

TETRAGRAMA ANÁLISE DE CHAMPLIN

Champlin está entre os maiores eruditos na área teológica. Tem grande aceitação nos círculos teológicos acadêmicos. Devido suas análises embasadas em múltiplas fontes e com vasto material de pesquisa, tornou-se referência para estudantes que não se contentam com um conhecimento superficial. Confira a citação sobre este tema:

Yahweh era o nome pessoal do Deus de Israel. Que a forma Yahweh é a forma correta, pode se provar mediante transcrições para o grego. Quando, pela primeira vez, foram inseridos sinais representando fonemas vogais, na Bíblia hebraica, já no século VII D.C., as letras vogais da palavra aDoNaY, “Senhor”, foram escritas intercaladas com as consoantes YHWH, produzindo assim o nome artificial Jeová. Esse não era, realmente, um nome divino; mas muitos, temendo pronunciar Yahweh, como apelativo por demais sagrado, passaram a usar Jeová como um substituto aceitável. Portanto, Jeová é um hibrido sem base bíblica nenhuma, que começou a ser usado de modo geral, como um dos nomes de Deus, no século XIV D.C. Isso ocorreu porque os eruditos cristãos da época não reconheceram a natureza hibrida da forma Jeová.

R. N. Champlin, O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo, volume 6, página 4522, Hagnos.

TETRAGRAMA – STANLEY ELLISEN

YAHWEH (Javé) — Pronúncia do tetragrama hebraico para o Deus trino (YHWH, o idioma Hebraico não tem vogais escritas). Tradicionalmente é usada a palavra Jeová (usando as vogais de “Adonai”, supostamente para evitar a blasfêmia de pronunciar o nome sagrado.

STANLEY ELLISEN, Conheça melhor o Antigo Testamento, página 423, Vida.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Poderíamos crescer esta lista, e muito, com bibliografias diversas e confiáveis. No entanto, entende-se que as citações acima são suficientes para ajudar você, caro amigo estudante da palavra de Deus, aprofundar seus estudos e formar sua base de conhecimento, relacionados ao Tetragrama.

Agora é com você, deixa seu comentário porque ele é importante. Lembrem-se, pessoas que pensam diferente, não são inimigas, respeite-as. Comentários ofensivos serão excluídos.

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ADILSON CARDOSO

Adilson Cardoso: Teólogo, Filósofo — Professor de Filosofia, Teologia, Hebraico e Grego.

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